Estudo na II Carta aos Coríntios (por Fábio Barbosa "não revisado")

 

Ao estudarmos a II Carta aos Coríntios, teremos em mente que como parte da escritura sagrada seremos guiados na verdade da Palavra de Deus e assim poderemos compreender de maneira mais sensata a sua vontade a partir da sua revelação.

O Contexto Histórico em Geral

200/ Esta carta foi escrita provavelmente de Filipos (2 Co 11.9; Fp 4.15), em meados do ano 56 d.c e enviada por intermédio de Tito (2 Co 8.6). Nela Paulo está lidando com questões levantadas por adversários (10-13), o que também não se pode afirmar com certeza é quem eram esses adversários, é dito que podem ser os gnósticos, os judeus palestinos e outros. A questão é que Timóteo fora a Corinto com a primeira carta, mas parece que a mesma não fizera muito efeito na vida da igreja, é possível perceber a preocupação de Paulo com a reação à carta e com seu cooperador Timóteo (I Co 16.10). O certo é que, homens vieram a Corinto afirmando serem apóstolos e começaram a negar o apostolado e autoridade de Paulo e o que tudo indica, algum membro da igreja foi abraçado pelas ideias desses falsos apóstolos que começaram a incitar a igreja contra Paulo. Paulo então partiu de Éfeso para Corinto numa visita que fora fracassada e desagradável (IICo 2.1; 12.14; 13.1,2). De volta a Éfeso em meio a muitas tribulações ele escreve uma carta severa aos irmãos em Corinto enviando-a por Tito (II Co 2.4; 7.8). Quando Paulo partiu de Éfeso e ao chegar em Trôade não teve descanso no espírito por não encontrar Tito alí (2 Co 2.13,13), o que o levou a seguir viagem para Macedônia onde pôde encontrar seu cooperador e aí sim ter notícias dos irmãos de Corinto, foi alí que Paulo soube que a igreja de Corinto agora estava receptiva ao apóstolo e tinha tratado com o indivíduo que causara o problema (2 Co 2.5-11; 7.5-13). É com essa alegria e notícia que Paulo resolve escrever 2Coríntios. Ele então, defende seu apostolado e ministério, incentiva os coríntios a terminarem de levantar fundos para os santos pobres em Jerusalém e adverte contra os falsos apóstolos preparando-os para uma terceira visita.

Característica formal da epístola

Sua característica é de uma epístola (se parecem mais com panfletos em geral/ Fee, p.209), pois seu aspecto é mais público, diferente por exemplo de 1Coríntios que se assemelha mais a uma carta (ocasionadas por situações bem específicas).


Cap1- Paulo ao escrever esta carta à igreja de Deus que está em Corinto e ao povo de Deus espalhado na província da Acaia se encontrava junto a Timóteo. Ele lembra de que não devem se esquecer da natureza da tribulação enfrentada na Ásia(8). A partir dessa viagem a Corinto Paulo pretendia passar à Macedônia (província Romana ao norte da Grécia), voltar aos irmãos e ser encaminhado pela igreja de Corinto à Judéia (15-16). No v.24 Paulo deixa claro que não tinha domínio sobre a fé dos irmãos (no gr. se encontra a palavra kupieuomen= não que somos senhores), ele continua dizendo que é sunergoi (cooperadores) da alegria deles.

Nesse primeiro capítulo dessa (vs1,2) epístola Paulo demonstra sua habilidade de fundir as duas culturas grega e hebraica em sua saudação “Graça e Paz”. As cartas gregas começavam geralmente com a saudação “chairein” (ele não somente saudava, mas desejava que as bênçãos de Cristo (graça) fosse sua porção. Do lado hebraico está a utilização da palavra “eirene” (paz) que por trás se encontra a palavra “shalom” ela se refere a “um estado de bem estar que vêm de Deus como resultado de se colocar em uma relação de aliança com ele” (CBP, 1075).  Nos vs 3-7 o apóstolo nos chama a atenção para o aspecto positivo das tribulações( a palavra usada aqui é “thlipsis= em grego comum essa palavra sempre descreve pressão física sobre o homem/ Barclay p.18) e afirma que nelas somos consolados por Deus para consolar outros. Se existem muitos sofrimentos por amor a Cristo, também existem muitas consolações da parte de Deus. Suas consolações são para consolação e salvação dos irmãos, essa consolação de uns aos outros promove paciência (a palavra paciência aqui hypomone não é a penas uma aceitação simples e resignada dos problemas e provas; é triunfo e vitória) para suportar os mesmos sofrimentos. Paulo mostra que Deus é a fonte de misericórdia e conforto, mas este conforto transborda através de Cristo. Existe aqui uma experiência comum de dor. Aqui no v.7 há uma palavra de confiança que os Coríntios teriam uma esperança confiante adquirida em meios às tribulações. Deus visita seus santos em sofrimento, com sua graça confortadora.  Dos vs 8-11 o apóstolo fala da sua tribulação na Ásia, (não há nenhuma informação sobre esse fato em suas cartas, mas pode ser provável que tenha acontecido durante sua estadia em Éfeso) e o quanto isso fortaleceu sua confiança em Deus; vemos a experiência dando direção para uma esperança empolgante.  Pode ser que Paulo menciona o fato para justificar seu atraso a visitar os irmãos em Corinto, porém, mais do que isso, ele quer encorajar os irmãos a continuar orando por ele, pois sua vitória foi resultado da oração dos irmãos (CBP 1088). É impressionante a maneira como Paulo tratava as orações dos irmãos: em pelo menos sete de suas epístolas Paulo pede oração para eles: ( Rm 15.30,32; Ef 6.18,19; Fp 1.19; Cl 4.3; I Ts 5.25; 2 Ts 3.1; Fm 22). O termo no v.11 também é muito significativo sunuporgeo= “ajudando-nos também vós” só é usado nesta passagem do Novo Testamento em grego; ela é a junção de três palavras “com”, “sob” e “trabalho”, ela retrata trabalhadores carregando um fardo, trabalhando juntos para cumprir sua tarefa (Wiersb, p.820). (CBF.Davidson 2047)  Dos vs 12-14 percebemos que a mudança de planos de Paulo causou um mal entendido em alguns na igreja e ele decidi responder; do que se percebe acusavam o apóstolo de não ser sincero e de seguir seus próprios planos e não os de Deus, a isso ele responde que seu relacionamento com os Coríntios estava baseado na integridade (NVI coloca santidade) e sinceridade, na graça de Deus e não na sabedoria humana(carnal). Outra acusação respondida é que diziam que em seus escritos havia mensagens ocultas, Paulo se opõe a isso dizendo que escreveu o que eles podiam entender, o que eles sabiam era a mesma coisa que deveriam entender, há aqui um jogo de palavras “sabiam-anaginoskete” e “epiginoskete-entender. Nos vs15-17 percebemos que os críticos de Paulo estavam formulando uma acusação dizendo que suas palavras não eram dignas de crédito, por ter mudado de planos, isso ele fez porque ao encontrar-se com Tito teve informações de que as coisas não iam bem em Corinto (2Co 7.6-13), então decidiu adiar essa que seria sua terceira visita, depois daquela rápida e dolorosa (2Co 2.1). O itinerário que Paulo é acusado de não cumprir está em ICo 4.19 e 16.5,6. Do vs 18 a 24 o apóstolo mostra que não há contingência ou incerteza na mensagem (CB I e II Co Cpad/Horton,p.180), porque nelas está a fidelidade de Deus e que em Cristo sempre houve o “sim”. Temos um selo colocado por Deus que nos faz permanecer em Cristo e colocou seu Espírito como garantia em nossos corações daquilo que está por vir. Nos vs finais (23,24) Paulo demonstra o seu cuidado para com o povo de Deus e demonstra que reconhecia não ser o dono e nem ditador no meio do povo de Deus, ele adiou a visita a fim de poupá-los, Paulo queria estar com os Coríntios trabalhando com eles. Seu desejo é que eles pela fé, estivessem em pé.

Cap2- Deste ponto podemos perceber que havia um problema dentro da igreja que causara tristeza em ambas as partes, tanto a Paulo quanto à igreja. Podemos perceber o coração pastoral de Paulo que sente pesar por ter que disciplinar, pelo fato que não pode ser conveniente e confortável, demonstrando que, em alguns momentos é preciso correr o risco da crítica e da rejeição (2). Do v.5 sabemos que alguém causou tristeza e do ponto de vista de Paulo não somente a ele mas a outros irmãos, esse caso fora tratado com punição pela maioria, no entanto, parece que estavam exagerando no ato disciplinar, abandonando o ofendido; o apóstolo pede então que a igreja o perdoe e console-o para que o ofensor não fosse tomado de tristeza excessiva (6,7), isso faria com que não fossem explorados por Satanás ou em outra versão “a fim de que Satanás não se aproveite de nós; pois conhecemos bem os planos dele”.  No pensamento de Paulo se a igreja continuasse a dar as costas para o ofensor depois de tê-lo disciplinado, ele se tornaria presa fácil do inimigo, além disso parece que o “perdoar na presença de Cristo, por amor de vós” trás a idéia que Paulo buscava o retorno da igreja a comunhão e unidade, o que do contrário permitiria a ação de Satanás. Do vs 12,13 percebemos a preocupação com cooperadores da obra de Deus (Tito), aqui Paulo quebra bruscamente a ideia que vinha sendo trabalhada e só retoma esse ponto em 7.5-7. Agora dos vs 14 a 17 o apóstolo faz um louvor de triunfo a Deus, confiante que estava em sua providência. Alguns estudiosos afirmam que Paulo tinha em mente o “TRIUNFO” recebido pelos Generais vencedores em batalhas estrangeiras, era feita uma carreata até o Circus Maximus, esse incenso que era queimado durante esse percurso tinha percepções diferentes, para os vitoriosos tinha o cheiro da fragrância de um bom perfume, já para os derrotados tinha cheiro de sofrimento e morte. O v.16 parece demonstrar a suficiência de Cristo independente de quem somos, não podemos produzir tais resultados a parte dEle. Ele encerra falando que alguns tem como costume mercadejar a palavra (como colocar trigo bom na parte de cima do saco de ração de galinha ou colocar água no leite), não barateamos a mensagem para atrair pessoas (17).

(C. Davdison2049; CBP 1092; Wiersbe 825; Horton p.187)

Cap3- Deste capítulo percebemos o surgimento de crise nos relacionamentos entre os cooperadores da obra e a igreja, parece-nos que Paulo chama a atenção deles no sentido de lembra-los seu trabalho entre eles (1-6). Deste cap até 6.10 o apóstolo está lhe dando com aqueles que lhe fazem oposição e duvidam de suas credenciais. Os opositores pelo que parece alegavam que os mestres que vinham tinham cartas provavelmente dos Presbíteros de Jerusalém (como parece ser costume em At 19.27). Paulo então alega que essa credencial não é garantia de um ensino correto, ele então os orienta a olhar as pessoas que foram transformadas através de seu ministério naquele lugar, pessoas essas que ele considera cartas de Cristo, eram os frutos de seu trabalho que testemunhava a seu favor. Essas cartas (que são as pessoas) foram escritas pelo Espírito do Deus vivo. Ele demonstra que a obra do Espírito é sobrenatural e pessoal, comparando o que Deus fizera com Moisés e agora com eles.  Paulo falando da nova relação agora não mais com a Lei e sim no domínio do Espírito: Primeiro ele afirma que os irmãos são carta escrita por Cristo e entregue a Eles (cooperadores) pelo Espírito; segundo, ele afirma que a capacidade de servir na nova aliança vem de Deus, pois tem como base o Espírito de Deus. É dessa nova aliança no Espírito que ele fora feito ministro; seu desafio era pregar Cristo àqueles que insistiam em atrelar sua salvação à manutenção da Lei (6). A Lei escrita, segundo ele mata, mas o Espírito de Deus dá vida. A lei deu preceitos, mas não poder para cumprí-los, exigia-se a morte do ofensor (Dt 30. 15-18). O novo concerto em Jesus Cristo trouxe vida e poder do Espírito de Deus ( Jo 3.17; Rm 3.20-24; 5.20,21). Agora, os crentes tem a ajuda do Espírito Santo para fazer as coisas que agradam a Deus. Do vs 7-11 vemos Paulo fazendo um contraste entre as duas alianças, a antiga e a nova, uma baseada na Lei e outra pelo ministério do Espírito. Se aquela que condenava veio em glória (com Moisés tendo que esconder o rosto) quanto mais essa nova aliança no Espírito veio com maior glória. Paulo pode dizer isso porque o Espírito pode nos vestir da justiça de Cristo e nos ajudar a fazer coisas boas. A razão de a antiga ser inferior a nova é que aquela glória era transitória, essa é permanente. Agora dos vs 12-18 Paulo demonstra a transitoriedade da antiga aliança, ela fora boa mas passageira, o apóstolo demonstra essa verdade no v.13 o que parece contradizer o que está em Êxodo 34 que diz que Moisés colocou o véu porque o povo estava com medo, já para Paulo era para não fitarem os olhos naquilo que desvanecia. Embora muitos judeus ainda continuam com o véu (o que para Paulo demonstra a estagnação espiritual de seu povo), ele pode ser removido quando se converterem ao Senhor e aí podem ver no Antigo Testamento o plano de Deus em Jesus Cristo o que para Paulo demonstra a estagnação espiritual de seu povo. Terceiro, No v.17 parece que Paulo está falando da obra do Espírito, o Senhor de Êxodo pode ser comparado ao Espírito, e o Espírito remove o véu do coração e da mente daqueles que aceitam a Cristo, aquele espirito de repressão e condenação já não existi sobre a Nova Aliança, a consciência da natureza repressora e condenadora da Lei é retirada. Paulo conclui dizendo que esta transformação realizada no ser humano é obra do Espírito e se completará quando Jesus voltar novamente ( I Jo 3.2; Ap 22.4) (Horton,188; CBD 2051; Barclay,39; CBP 1095)

Cap4- Ele começa falando do ministério que eles têm, o qual foi recebido de Cristo. Esse ministério é o que oferece vida, salvação e justificação às pessoas, é o ministério que ele acabara de falar no capítulo 3. Ele está comprometido com aquilo que recebeu de Cristo e apesar das críticas e acusações não tem nenhuma razão para perder o ânimo (1), isso demonstra a consciência que Paulo tinha de que estava envolvido em uma grande tarefa. Isso porque segundo os vs adiante ele é acusado de : 1) empregar métodos vergonhosos e secretos; b) ser enganador e astuto; c) de distorcer o evangelho; ele então, mais uma vez apela à consciência (v2. “nos recomendamos à consciência de todo homem[...], demonstrando que qualquer observador honesto perceberia sua integridade.  Se caso há uma cegueira em relação ao que se prega, Paulo diz que é para os que se perdem, e isso porque o deus de sete século cegou o entendimento destes incrédulos, a questão é então que não creêm. Ao contrário de seus adversários (5) Paulo afirma que não prega a si mesmo, mas a Cristo Jesus o Senhor e afirma que era servo dos irmãos por amor a Jesus, isso em razão da ação criativa de Deus de iluminar seu coração no caminho de Damasco, a luz ali brilhou. Paulo demonstra no v.7 a fragilidade do ser-humano e a preciosidade do conteúdo colocado dentro do vaso. O vaso é importante em razão do contéudo que nele está, esse conteudo é a “iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo”. Existem aqui diversos paradoxos: a fragilidade e a preciosidade; a morte e a vida; a fraqueza e o poder, em tudo isso é manifesto a vida de Jesus em seus servos (10-12). Havia uma perspectiva e uma atitude de fé em Paulo “o mesmo espírito de fé” (13) que o permitia enxergar o invisível, seus olhos estavam em outra direção, do v.18 percebemos a visão abrangente do apóstolo que não está focado somente no visível “Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno”.  (Wiersbe, p. 835; CBP p.1100; Barclay 42).   

Cap5- Neste capítulo Paulo continua falando do tema da glória através do sofrimento e da vida em meio a morte. A comparação das casas terrena e celestial é clara, para a terrena temos “uma tenda” e para a celestial “um edifício”, daqui podemos perceber a diferença na habitação (1). Com essa perspectiva em mente, o apóstolo expressa seu desejo, de ser revestido do novo, isso não significa que Paulo esteja querendo morrer, mas sim, que aguarda a volta gloriosa de Jesus Cristo, esse “novo” é o edifício” ou “habitação que é do céu” (2), a intenção Paulo explica no v.4, “não é ser despido, mas sim revestido”, pois, quando isso acontecer o mortal será revestido pela vida. Podemos estar seguros disso, que essa transformação não nos será estranha, o “penhor” que temos, o Espírito” é que nos tem preparado para esse momento e é a nossa garantia.    A ideia da angustia é um tema que retorna novamente (v.4), já que ele falara desse assunto no 4.7-10. De novo a visão abrangente de Paulo aparece “andamos por fé” (v.7) isso porque, enquanto no corpo estamos ausente do Senhor, mas a confiança nos leva a desejar algo melhor com Deus em sua presença, como diz I Jo 3.2, mas também nos move a continuar o trabalho aqui sabedores que haverá uma prestação de contas (10). Diante das acusações feitas ao apóstolo, ele invoca o temor ao Senhor como testemunha sua, diante de seus adversarios ele mostra que diante de Deus sua vida está limpa e espera que as pessoas sejam também coerentes com a sua consciência ( Novamente o tema da consciência) (v11). Essa recomendação do v.12, pode se referir às credenciais que seus adversários traziam, ao contrário deles, Paulo afirma que os motivos dele era para que os irmãos se gloriasse de suas atitudes, ao invés de fazer como os contradizentes que gloriavam-se na aparência. Em toda a sua conduta, embora em alguns momentos incompreendida, o motivo de Paulo era servir a Deus e ajudar aos Coríntios, o que o movia a isso era o Amor de Cristo, que morreu por todos e consequentemente  todos morrem também para o pecado e passa a viver para Deus. Esse é o aspecto positivo da relação com Jesus, ressuscitamos com Ele para uma vida de serviço. Nossas percepções e perspectivas da vida são mudadas, enxergamos coisas novas (17). Este é o capítulo da reconciliação, fomos reconciliados por Deus por meio de Jesus Cristo e Ele nos concedeu o ministério da reconciliação. A mensagem que pregamos é que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando a nós nossos pecados e pôs em nós a palavra da reconciliação. Agora somos embaixadores da parte de Cristo e devemos rogar para que o mundo se reconcilie com Deus, não é Deus se reconciliar com o mundo, é o mundo com Ele. Como embaixadores fomos chamados para declarar paz e não guerra a um mundo rebelado contra Deus. O propósito do sacrifício do Cristo sem pecado era nos fazer “justiça de Deus”, isso quer dizer “justiça que vem de Deus como sua fonte”, essa não somente uma posição reta diante de Deus com base na fé, mas também uma provisão para participar do caráter integro de Deus (Hughes, 355/ CBP, p. 1108 Barclay, p.50; CBDavidson, p.2055; Wiersbe, p.840; CBP 1108).

Cap6- Este capítulo, juntamente com o próximo vão encerrar as explicações de Paulo acerca de seu ministério. Podemos perceber deste capítulo que a igreja não dava o devido valor ao ministério do apóstolo quando na verdade era para ele ser defendido pela igreja, era ele que estava se defendendo.  Com a responsabilidade de embaixador de Deus, Paulo tem um senso de urgência que carrega sobre seus ombros e é nessa direção que ele procura chamar a atenção dos Coríntios. Eles não deviam receber a graça de Deus em vão, ou seja, “vazio” pode significar “sem efeito” ou “para nada”. O que nos parece é que os Coríntios haviam recebido a graça salvadora de Deus, porém, estavam vivendo de uma maneira que negava a realidade e propósito desta graça (1), esse tal andar cristão não era automático, se o fosse Paulo não teria deixado tantas instruções para eles (6.14-17; 7.1; 8.10-15; 9.6-10; 12.19-21; 13.5,11). Citando Isaías 49.8 ele quer dizer que o dia da salvação e da graça de Deus está diante deles (2). O v.3 se lido diretamente ao v.1 pode-se perceber que Paulo ao exortar os outros a receberem a graça de Deus, sua motivação era nunca desacreditar os seus ministros, impedindo essa obra em alguém (3). Agora do v.4 ao 10 ele começa falando de nove tipos de tribulações que enfrentou que se dividi em três conjunto de três: aflições, necessidades e angústias, no entanto, antes ele coloca como enfrentou-as; com” paciência”, uma palavra que não se pode traduzir, não significa uma resignação passiva, como se cruzasse os braços e esperasse passar a tempestade, descreve uma habilidade de suportar as coisas de uma maneira tão triunfante que as transfigura e muda. “É a corajosa e triunfante capacidade para suportar as coisas que permite que um homem supere um ponto de ruptura sem romper-se e saúde o desconhecido com uma expressão de alegria” (Barclay, p. 57). As aflições são tribulações que nos pressionam, circunstâncias que pesam sobre nós. As privações são as dificuldades diárias da vida, e as angustias são as experiências que nos colocam contra a parede e que nos deixam sem saída. O termo grego significa um lugar estreito. No  v.6 Paulo mostra que dependeu do Espirito Santo para desenvolver essas virtudes, é bom que se enfatize que a Longanimidade se refere a paciência com pessoas difíceis enquanto a paciência em 6.4 se refere à capacidade de suportar circunstâncias difíceis.  A partir do v.11 o apóstolo procura persuadir os coríntios com relação ao afeto mútuo, assim como ele os amava, eles deveriam fazer o mesmo. Sabendo que isso deveria ser feito de forma voluntária ele não lhes dá ordem mas os persuadi a fazer. Como pai na fé (ICo 4.15) ele desejava intimidade com seus filhos, ele então os exorta para que possam retribuir. A partir do v.14 acontece uma ruptura no pensamento de Paulo, alguns estudiosos vão dizer que pode ser que essa carta é parte de outra carta, ou está situada no local errado, seja o que for não podemos ter certeza, a verdade é que aqui Paulo exorta aos irmãos a proteger sua pureza moral e espiritual assim como Deus exigiu dos israelitas. O propósito dessa separação não é ritual ou cerimonial e sim relacional, para preservar a intimidade da sua relação com o Pai (.18). Talvez Paulo estivesse com a mente em imagens do Antigo Testamento como em Dt 22.10 ou Lev 19.19. O certo é que a natureza divina do crente não o permiti se associar com outra natureza que não seja a sua, assim como o boi não pode caminhar com o jumento. Eles são templo do Deus vivente, isso significa que Deus habita neles, portanto, há a necessidade de se afastar daquilo que não condiz com a natureza divina (17). No 7.1 Paulo mostra que essa purificação trata-se de um processo constante, à medida que cresçamos na graça e no conhecimento de Deus (2Pe 3.18)    (Wiersbe 847; CBP 1108; Horton 205).

Cap7- Já que o primeiro verso desse capítulo parece se encaixar com o capítulo anterior, então vamos seguir a partir do v.2.  Parece que aqui a carta fica com um tom mais pessoal. Ele começa a aplicar o que disse nos cap anteriores “Tendo, pois, ó amados, [...]. Paulo então nos vs 2-4 procura encorajar a igreja e lembra-los de que não causara nenhum mal a eles. A lista negativa que o apóstolo relata pode muito bem ser as acusações que seus adversários fizeram a ele, ao cita-las o apóstolo imediatamente afirma que o motivo não é condená-los e sim lembra-los que estão no coração de Paulo e que ele carrega o mesmo compromisso de vida e morte e que deveriam também fazer, pois que tinha respeito e orgulho pelos irmãos, estando seu coração transbordante de alegria em toda aflição. Dos vs 5-10 conhecemos das dificuldades enfrentadas por Paulo em sua viagem à Macedônia (região que tinha cidades como Tessalônica, Bereia, Filipos, Anfípolis), mas que fora consolado com a vinda de Tito e com as notícias que ele trazia da igreja de Corinto, os irmãos o havia recebido e demonstrado as saudades que tinham do apóstolo. Paulo havia escrito a carta mas se encontrava preocupado devido o teor da mesma, como um pai ele aplica a repreensão com pesar mas sabe que a disciplina é necessária. O certo é que essa repreensão teve um resultado positivo na vida da igreja, os irmãos haviam se arrependido. O resultado da carta foi que Paulo entendeu que os irmãos estavam puros naquela situação, ele então lembra-lhes que o motivo de escrever foi para que fosse manifesto o cuidado deles pelos coopeadores da obra diante de Deus(11-16). Tito então presenciou tudo o que Paulo havia falado com respeito aos irmãos de Corinto (13,14) e seu coração estava cativado pelos irmãos (15) que o haviam recebido com temor e tremor. Paulo então se regozija por poder manter a linha de confiança com os amados de Corinto (16)..  (Wiersbe 851; CBP 1112; Horton, 214; Novo C. da Bíblia 2059; Barclay 71).

Cap8- Aqui Paulo lembra-lhes da generosidade das igrejas da Macedônia para com os irmãos da Judéia, eles se prontificaram a ajudar (3-4). Paulo demonstra aqui que podemos: 1. Contribuir apesar das cricunstâncias (1,2); contribuir com entusiasmo (3,4); Contribuimos segundo o exemplo de Jesus (5-9); Contribuimos de boa vontade (10-12) e Contribuimos pela fé (13-24). O apóstolo aqui diz que “recomendou” Tito para completar esta graça (oferta). Paulo pede que esse mesmo sentimento haja nos corações dos Coríntios e dessa forma haja também igualdade (14).  Houve tanto a disposição dos irmãos em ofertar quanto de Tito de levar (fazer a viagem v.16-19). Paulo sempre tem muito cuidado de deixar transparente as questões que envolviam ofertas da igreja, perceba que ele diz que Tito foi eleito pelas igrejas para fazer tal obra. Agora a partir do v.16 de conselhos espirituais, Paulo passa a conselhos práticos de como fazer a coleta especial e demonstra as qualificações daqueles que querem lidar com o dinheiro de Deus: 1. Um desejo dado por Deus de servir ((16,17) foi o que aconteceu com Tito; 2. Um senso de responsabilidade para com as almas perdidas (18); 3. Um desejo de honrar a Deus (19); 4. Uma reputação de honestidade (20-22); 5. Um espírito cooperativo (23,24). (Horton, p.220; Barclay,p.72; Wiersbe, 853; CBP 1115).

Cap9- Neste capítulo podemos captar cinco palavras de estímulo que Paulo usa para motivá-los a participar da oferta especial: isso porque, um ano antes os coríntios haviam se comprometido a participar da oferta, mas até agora, não haviam tomado providências. Veja que o apóstolo fala da assistência que deve ser feita a favor dos santos, ele agradece a Deus pela presteza dos irmãos da Acaia que já estavam preparados desde o ano passado, essa atitude deles tem estimulado a muitos, portanto, percebendo a situação ele pede que os irmãos organizem isso antes que a comissão chegue em Corinto, comissão essa que contêm macedônios no meio, o que envergonharia a Paulo sobre o que havia dito deles na Macedônia (1-5). Então temos: 1. A contribuição deles estimularia a outros (1-5); 2. A contribuição nos abençoará: (6-11) A oferta é uma semente que é plantada e que irá dar frutos, esses frutos abençoará o ofertante, Jesus mesmo disse “Dai e dar-se vos-a” (Lc 6.38), a oferta não é algo que fazemos, mas algo que somos. É um estilo de vida do cristão que compreende a graça de
Deus. Ofertar pela graça é reconhecer que Deus é o grande doador e que usamos os recursos materiais e espirituais de acordo com essa convicção. 3. Nossa contribuição suprirá necessidades (12): Nesse texto Paulo eleva a oferta ao nível mais elevado “sacrifício espiritual”. O termo “assistência” aqui se refere ao serviço sacerdotal (1Pe 2.15; Hb 13.15,16; Fp 4.10-20). Quando procuramos desculpas estamos saindo da esfera da graça no ofertar, a graça nunca procura desculpas e sim oportunidades (Gl 6.10). 4. Nossa contribuição glorificará a Deus (9.13): 5. Nossa contribuição promoverá a união do povo de Deus (9.14,15).  A oferta deve ser feita como expressão de generosidade, não de avareza. A oferta supre a necessidade e redunda em muitas graças a Deus. (Barclay 76;  Wierbe 859)

Cap10- Este cap parece fugir do padrão normal da carta, a impressão que se tem é que está fora de ordem e é justamente isso que os estudiosos entendem, que estes capítulos (10-13) provavelmente fazem parte da carta severa de Paulo à igreja de Corinto. Nesse ponto vemos Paulo usando de palavras mais duras, pois, parece que havia um questionamento com relação a autoridade apostólica de Paulo. Diante das críticas e acusações contra seu ministério, ele coloca a características de Cristo como referencial para sua forma de viver entre eles, o que para muitos era sinal de fraqueza. A palavra “mansidão=prautes” foi usada por Aristóteles como “O termo médio entre estar muito zangado e nunca zangar-se”. É a qualidade do homem cuja irritação está dominada e controlada que sempre se zanga no momento correto e nunca quando não corresponde”. Paulo parece então dizer que não se deixa levar por sua irritação ou ira pessoal. A outra palavra usada aqui demonstra mais uma vez o que Paulo está querendo dizer “Ternura=epieikeia (benignidade, bondade), os gregos a definiam como aquilo que é justo ou ainda melhor que o justo. Descreviam-na como aquilo que devia aparecer quando a justiça em sua generalidade, está em perigo de converter-se em injustiça”. O homem que tem “epieikeia” é aquele que sabe que em última análise a norma cristã não é a justiça, mas sim o amor (v.1). Diante das acusações Paulo se vê na necessidade de tratar pessoalmente do assunto e de antemão rebate as prováveis acusações de que ele e seus companheiros andavam na carne, que se guiavam por motivos humanos. Paulo usa a palavra “sarx=carne” em dois sentidos: o primeiro é para dizer que ele é um ser humano como todos os outros; a segunda é que se refere a essa parte da natureza que pode dar pé à tentação, essa fraqueza humana essencial de uma vida sem Deus. Paulo demonstra a ideia de um homem vivendo no corpo humano, mas sendo guiado pelo Espírito de Deus (3). O apóstolo demonstra que embora para os contradizentes sua atitude era sinal de fraqueza, para ele era o uso dos recursos divinos, não confiava na sabedoria humana, toda essa sabedoria humana ele levava cativo todo entendimento à obediência de Cristo. Estando a congregação sujeita ao Senhor (6) Paulo poderia disciplinar os transgressores. A autoridade conferida aos apóstolos foi para edificação e não para destruição (7,8), Paulo sabia muito bem que posição e poder não são evidência de autoridade, Jesus mesmo havia dito que a forma de liderança no seu Reino seria diferente (Mc 10.35-45). Sua liderança é para edificação da igreja e não para destruição, por isso sua carta fora forte assim como será sua presença caso seja necessário (9,10) embora alguns julgavam sua forma de agir como desprezível. O problema é que pelo que percebemos havia pessoas dentro da igreja que reivindicavam autoridade também, mas deles e não de Cristo e diziam que o apóstolo era fraco em palavras na presença e que somente era forte por cartas, ele então diz que assim é para que não se fizesse necessário na presença, mas o faria sendo necessário (11). Paulo afirma que não se usava como medida de outros, pois essa era a atitude dos opositores que o estavam acusando (12), eles se louvavam e tinham a si mesmos como medida, o que para Paulo significa falta de entendimento, ele não faria o mesmo (13), pois já havia chegado até eles com o evangelho de Cristo (14), não havendo necessidade de se gloriar, isso aconteceria naturalmente à medida que a congregação crescesse na fé. O sinal de aprovação não é a glória de homens e sim aquele que o Senhor Louva (18).  O apóstolo reconhece bem os limites de sua autoridade e se mostra consciente que não os ultrapassou. Do final do cap percebemos que existia pessoas que se gloriavam em si mesmas dentro da comunidade. (Barclay 84; Wiersbe 867; Horton 228; CBP 1120).

Cap11- Agora o apóstolo se defende de forma direta daqueles falsos apóstolos que queriam minar sua liderança e autoridade. Apresenta sua preocupação e ciúmes (zelo de Deus) pela igreja que fundara. Compara a igreja a uma noiva ( uma figura muito utilizada no A.T) e diz que precisa apresenta-la como virgem pura a seu marido, Cristo (2). Em seguida, demonstra sua preocupação com a astúcia do diabo que tenta corromper os sentidos dos crentes coríntios afastando-os da simplicidade que há em Cristo (3). O diabo usa suas iscas para enganar os crentes e Paulo demonstra aqui que esses são os falsos apóstolos, eles copiam as coisas de Deus e distorce-as como a serpente fez no jardim, ela questionou a verdade de Deus, depois negou-a e por fim aplicou sua própria mentira.  Paulo temia que a mente deles fosse corrompida (3), e pareciam tolerar pessoas que estavam pregando outro evangelho (4). Existe aqui um tom de sarcasmo por parte de Paulo, porque pelo contexto da carta podemos perceber que os “excelentes apóstolos” eram aqueles que se gabavam a si mesmos e que se diziam melhores que Paulo, o apóstolo então entra em defesa de sua posição, é claro que pela carta podemos concluir que a preocupação do apóstolo não é em primeiro lugar com sua posição, mas antes com o distanciamento deles de Cristo. A palavra “idiotes” que ele usa no v.6 significava um indivíduo que não tomava parte na vida pública. Logo veio a significar alguém que não tinha preparação técnica, o que chamaríamos um leigo. O que Paulo está querendo dizer é que embora ele seja um amador e aqueles profissionais, ele sabe do que está falando e eles não. Pode ser que houve alguma reclamação no modo de falar de Paulo (6). Paulo se humilhou para que os coríntios fossem exaltados, havia pregado o evangelho de graça, e trabalhou manualmente (o que era desprezível para os gregos) para se sustentar e não ser pesado à igreja, na verdade recebeu ajuda, mas de outras igrejas quando estava presente em Corinto. O termo “pesado” no grego significa literalmente “ficar entorpecido”, o termo vem da imagem de uma enguia elétrica entorpecendo a vítima com seu choque elétrico. Uma parte entorpecida do corpo poderia ser um peso para a vítima (8,9). Paulo diz que a verdade de Cristo estava nele e que iria fazer o que já havia feito, o que nos indica que ele está falando de receber honorários da igreja. Alguns obreiros estavam tentando ser o que Paulo e seus companheiros eram, mas com finalidade erradas, eram fraudulentos. Exploravam os irmãos e pelo que parece seus títulos haviam chamado a atenção dos crentes, Paulo então como poucas vezes, faz uma lista de seu currículo com o fim de mostrar que não era inferior aos super-apóstolos. Afirma então que o objetivo desses falsos apóstolos eram se maquiar para parecerem apóstolos de Cristo, no entanto, o fim deles será conforme as suas obras. Temos novamente Paulo se desculpando por ter que nesse aspecto baixar ao nível com uma insensatez semelhante aos seus críticos, ele se gloriava, mas com o intuito de defender o evangelho e mesmo o fazendo ele transmitia a glória a Cristo (19-18), já que os coríntios estavam tolerando a insensatez dos falsos apóstolos, também poderiam tolerar a dele (19). Pelo que parece os falsos apóstolos colocaram os irmãos em servidão (pregavam a lei e não a graça/judaizantes), os devoravam, se exaltavam e os feria (20-21), então com essa ousadia que Paulo diz ter (21) ele começa a apresentar suas credenciais e dela percebemos que Paulo era muito mais do encontramos no livro de Atos, pois encontramos aqui açoites não relatados lá (22-27).  Atos nos relata um açoitamento (At 16.22), um apedrejamento (At 19.19) e Atos 27 relata um dos três naufrágios, os outros dois não sabemos. Além disso tudo, havia algo que pesava ainda mais sobre seus ombros e isso era uma pressão interna “o cuidado com a igreja”, o termo traduzido por preocupação em Atos 11.28 significa:  “pressão, ansiedade, tensão; o peso das igrejas era interior e constante.   (Wiersbe 871; Barclay 89; Horton 232; CBP 1121 NCB 2065)

Cap12- Temos aqui o ponto culminante da defesa de seu apostolado e de seu amor pelos cristãos. Mais uma vez Paulo se desculpa pela insensatez de gloriar-se (11.1,16) (v.1). Ele começa usando a terceira pessoa como faziam os rabinos. Relata-lhes três experiências que viveu com Deus: A primeira (1-6), ele teve visões e revelações ao longo de seu ministério, viu Cristo glorificado ( At9.3; 22.6); teve uma visão de Ananias ministrando-lhe (At 9.12) e na qual Deus o chamou para pregar aos gentios (At 22.17)seu chamado para ir à Macedônia (At 16.9); foi encorajado em Corinto no meio das dificuldades (At 18.9,10); quando preso em Jerusalém voltou a ser encorajado por uma visão (At 23.11); e no meio da tempestade e naufrágio (At 27.23); recebeu do Senhor certas verdades divinas ( Ef 3. 1-6); e o Senhor também o levou para o céu(esse episódio aconteceu provavelmente por volta do ano 43 d.c e compreende ao período entre sua partida de Tarso (At 9.30) e a visita que recebeu de Barnabé (At 11.25,26). A segunda (7,8) Deus o humilhou, pois fala que foi lhe dado um “espinho na carne”. Não sabemos o que era esse espinho, o termo grego usado significa “uma estaca afiada usada para tortura ou empalação”. Era uma aflição física de algum tipo que causava dor e agonia ao apóstolo, alguns estudiosos vão dizer que poderia ser um problema de visão (Gl 6.11). O certo é que Deus sabe como equilibrar a nossa vida, entre alegrias e aflições vamos vivendo. A verdade é que Satanás recebeu permissão da parte de Deus de “esbofetear” e o termo significa “bater, acertar com o punho”, é interessante observar que o tempo do verbo indica que essa dor era constante e repetitiva. O que seria um grande desafio para alguém que vivia entre viagens, sermões e visitas às igrejas. Ele até orou para que a aflição fosse removida (8), mas Deus que tão é fantástico lhe deu uma resposta que nos é bonita como retórica mas difícil de entender na prática (9) “a minha graça te basta”. A terceira é que Deus o ajudou, o tempo do verbo no vers 9 é importante podemos traduzir assim “Então ele (Deus) me disse de uma vez por todas”. Foi uma mensagem de graça da parte de Deus. A graça é a provisão de Deus para tudo de que precisamos e quando precisamos. Podemos também colocar o versículo “o poder está aperfeiçoando”. Deus muitas vezes não substitui algo em nós, ele nos transforma. Deus não explica a Paulo, isso porque não vivemos de explicações e sim de promessas e essas promessas não mudam, sendo assim elas geram fé e a fé fortalece a esperança. Diante de tudo isso o apóstolo sentia prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias por amor de Cristo. Porque, quando ele pensava que estava fraco era aí que se encontrava forte (10). Agora dos vers 16 a 18 Paulo expõe sua frustração pelo fato de os coríntios não considerarem seu trabalho entre eles, não tinha dívidas com a igreja pois não lhe fora pesado, as marcas do seu apostolado eram visíveis através de paciência, sinais, prodígios e maravilhas (11-13). Agora estava pronto para ir até eles, pela terceira vez e não lhes seria pesado, a razão, é que buscava a eles e não o que eles tinham (14). Parece que quanto mais Paulo os amava eles menos amava o apóstolo (15). Paulo parece brincar dizendo que a única coisa que os Coríntios foram inferiores foi em relação a  “não ser pesado”  e pergunta se além dele, alguns de seus companheiros havia se aproveitado deles a pedido de Paulo(Tito e o irmão), é certo que essa é uma pergunta retórica no intuito de ter uma resposta que negasse o fato, verdade é que Paulo está dizendo que não existem motivos para que agissem assim (16-18). O tom aqui nos versos finais desse capítulo é bem pesado, existe uma ameaça no ar, isso demonstra a urgência da resolução do problema. Teme ir até eles e os encontrar divididos, a relação de pecados apresentados por Paulo é simplesmente assustadora, são: pendências/contendas (eris):batalhas, rivalidade, discórdia sobre o lugar e do prestígio; inveja (zelos) o desejo de ter o que não nos corresponde, o espírito que cobiça as posses que nos são negadas; iras (thumoi) denota uma irritação estabelecida e prolongada; assinala explosões e arroubos repentinos de ira apaixonada que leva o homem a fazer coisas de que se arrependerá amargamente depois; divisões (eritheia) uma ambição egoísta e centrada em si mesmo, essa palavra descrevia o “trabalho que se faz pelo pagamento”, descrevia a tarefa que se realizava sem nenhum outro motivo que a remuneração; maledicências e falações ( katalaliai e psithurismoi), a primeira descreve um ataque realizado a viva voz, os insultos e acusações lançados em voz alta e em público. A difamação de alguma pessoa cujos pontos de vistas são diferentes. A segunda palavra descreve uma campanha de falações e de fofoca maliciosa, a piada caluniosa pronunciada no ouvido de alguém, o conto que desacredita, que se relata como um segredo saboroso. O primeiro é um ataque frontal, a segunda é um movimento clandestino (Barclay 105); soberbas (phusioseis) dentro da igreja podiam magnificar as funções e magnificar-se a si mesmo; desordens (akatastasia) significa tumultos, refregas, anarquia; imundície (akatharsia) tudo o que faz com que um homem não esteja em condições de entrar na presença de Deus. Uma vida voltada aos caminhos do mundo; fornicação (porneia) os coríntios viviam numa sociedade que não consideravam o adultério como pecado, poderiam encontrar prazer onde quisesse; lascívia (aselgeia) palavra intraduzível, não significa somente impureza sexual, mas também uma insolência desenfreada,é o espírito descaradamente egoísta, que perdeu a honra e a vergonha que está disposto a fazer o que quiser, mesmo que isso desonre a Deus, era isso que Paulo temia encontrar em Corinto.  (Wiersbe 880; Barclay 104-105).

Cap13- Tendo falado o necessário, Paulo adota uma postura autoritária para dizer que o problema seria resolvido da forma correta, com duas ou três testemunhas. Não sabemos que testemunhas eram essas, se eram Ele, Timóteo e Tito ou se eram as advertências que ele houvera dado a igreja 1,2). É interessante que os falsos apóstolos escarneceram da mansidão de Paulo (10.1) e os coríntios aceitaram o uso abusivo de autoridade por parte destes (11.20), se essa era uma prova Paulo iria usar de sua autoridade para demonstrar que o Cristo que fala através dele era poderoso entre eles (13.3). Paulo diz ser fraco em Cristo, o que na verdade significa dizer que havia tomado a mesma postura de Cristo entre os irmãos de Corinto (4). Em seguida (5) pede que façam um auto- exame de si mesmos ao invés de buscar examinar o seu apostolado (5), então descobririam se Jesus Cristo estava neles ou se já estavam reprovados, o que significa dizer para examinar a sua própria experiência cristã. Após fazerem isso poderiam verificar a autenticidade de sua fé e consequentemente, a de Paulo e seus companheiros (6). No v.7 Paulo expressa seu desejo e o faz rogando a Deus para que eles fizessem o que era correto, ele não tinha a intenção que eles errassem só para mostrar que Paulo estava certo, e não espera também que vivessem uma vida correta só para o apóstolo se gabar, não se preocuparia se fosse criticado, sua preocupação é que obedecessem ao Senhor. Ele estava mais preocupado com seu caráter cristão do que com sua reputação. O mais importante para ele era a verdade do evangelho e no final ela prevaleceria (8). Agora no v.9 Paulo traz uma palavra de encorajamento dizendo aos irmãos que “desejava” que fossem perfeitos, não no sentido de perfeição absoluta e impecável mas de “maturidade espiritual”, Wiersbe diz que “esse termo faz parte de um grupo de palavras gregas que quer dizer “ser adequado, estar equipado”. Como termo técnico médico significa: “Corrigir uma fratura óssea, colocar no lugar um membro retorcido”. Também pode significar  “preparar um navio para viagem” ou “equipar um exército para a batalha”. Em Mateus 4.21 e traduzido por “consertando as redes”. Paulo espera que a carta recebida os faça corrigir os problemas existentes para que quando for não precise usar de rigor com o poder que havia recebido de Deus, esse poder segundo Paulo era para a edificação e não para destruição (10). Agora, finalmente, ele os encoraja a cultivar a graça, o amor e a paz. A idéia do “sede perfeitos” é que sejam maduros, restaurados e preparados para a vida”. “sede consolados” significa que com todos os pecados e problemas, tinham todos o direito de se animar. Coloca uma admoestação “vivei em paz” e também “sede de um mesmo parecer” o que traz a ideia de nas questões secundárias deveriam concordar (11). Através do beijo demonstravam um gesto de amor e de comunhão. A benção final reporta a trindade (13): Gordon Fee a chamou de “o momento teológico mais profundo no corpo Paulino” (CBP 1131). A graça do Senhor Jesus Cristo expressa o amor de Deus por nós (Rm 5.9-11); o amor de Deus é o motivo que Paulo apresenta para prover a Paz (Rm 5.1) e; a comunhão do Espírito fala da nossa mútua participação e apropriação do amor e da graça redentora descritos acima. (Wiersbe 884; Barclay 106; Horton 244; CBP 1131).

 

 

 

O segredo das vitórias de Paulo ao passar por pressões e tribulações.

Seu segredo era Deus. Paulo mudou o foco de sua atenção, das coisas, dele para Deus.

O desânimo não faz acepção de pessoas (Comentário Wiersb. Vol 1.   

                                              

 

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