O DESAFIO DA IGREJA EM VIVER OS ENSINOS DE JESUS

 

“Um olhar cristão para o culto atual”

 

A Igreja é desafiada todos os dias a se manter nas linhas da visão de Cristo para ela. Não somos uma agencia fundada a partir de uma ideia humana, a igreja foi uma proposta de Jesus que se tornou uma realidade “18 Agora eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja, e as forças da morte não a conquistarão (Mt 16.18 nvt). Sendo a igreja fundada por Jesus e a partir dele, a resposta para suas práticas deve ser encontrada nEle. Não podemos fazer as coisas apenas por faze-las, precisamos entender porque estamos fazendo e qual a sua importância e relevância para o nosso tempo. Se perdemos de vista o olhar de Jesus para a nossa PRÁTICA, tendemos a abandonar ou a não dar o devido respeito e importância àquilo que fazemos, acabamos fazendo por fazer.

 

A Igreja e a celebração da Ceia do Senhor

Algumas coisas na vida da igreja são realizadas costumeiramente e aquilo que fazemos frequentemente se torna um hábito e na maioria das vezes um hábito é praticado sem que se reflita ou se dê a devida importância. A CEIA é uma destas celebrações em que podemos correr o risco de não se dá a ela o devido respeito, é realizada em muitos momentos com pressa e sem nenhuma reverência e reflexão por parte da maioria das pessoas e das igrejas. É preciso lembrar que a ordenança da comunhão surgiu da celebração da Páscoa nos últimos dias antes de Jesus ser levado preso e crucificado (Mt 26. 17-29)  

No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, os discípulos vieram a Jesus e perguntaram: "Onde quer que preparemos a refeição da Páscoa?". 18 Ele respondeu: "Assim que entrarem na cidade, verão determinado homem. Digam-lhe: ‘O Mestre diz: Meu tempo chegou e comerei em sua casa a refeição da Páscoa, com meus discípulos’". 19 Então os discípulos fizeram como Jesus os havia instruído e ali prepararam a refeição da Páscoa. 20 Ao anoitecer, Jesus estava à mesa com os doze discípulos. 21 Enquanto comiam, disse: "Eu lhes digo a verdade: um de vocês vai me trair". 22 Muito aflitos, eles protestaram, um após o outro: "Certamente não serei eu, Senhor!". 23 Jesus respondeu: "Um de vocês que acabou de comer da mesma tigela comigo vai me trair. 24 O Filho do Homem deve morrer, como as Escrituras declararam há muito tempo. Mas que terrível será para aquele que o trair! Para esse homem seria melhor não ter nascido". 25 Judas, aquele que o trairia, também disse: "Certamente não serei eu, Rabi!". E Jesus respondeu: "É como você diz". 26 Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-o em pedaços e deu aos discípulos, dizendo: "Tomem e comam, porque este é o meu corpo". 27 Então tomou o cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois, entregou-o aos discípulos e disse: "Cada um beba dele, 28 porque este é o meu sangue, que confirma a aliança. Ele é derramado como sacrifício para perdoar os pecados de muitos. 29 Prestem atenção ao que eu lhes digo: não voltarei a beber vinho até aquele dia em que, com vocês, beberei vinho novo no reino de meu Pai". 30 Então cantaram um hino e saíram para o monte das Oliveiras.

É importante lembrar que quando Jesus estabeleceu a última Ceia, ele estava fazendo em referência específica ao Êxodo 12 de quando o anjo da morte passou ao largo das casas que tinham o sangue de um cordeiro aspergido nos umbrais da porta. Assim, os elementos alí presentes passarão a apontar para algo, o pão e o cálice referem-se à morte, a morte de um inocente pela vida daqueles que foram condenados por seus pecados Pois todos pecaram e não alcançam o padrão da glória de Deus, mas ele, em sua graça, nos declara justos por meio de Cristo Jesus, que nos resgatou do castigo por nossos pecados” (Rm 3. 23-24 nvt).  A partir daí a igreja primitiva desde o dia do Pentecostes têm praticado esta celebração. Podemos compreender a finalidade da Ceia do Senhor a partir da compreensão dada por Paulo à igreja em Corinto, ele o faz lembrando-se das palavras de Jesus ditas em Lc 22. 19,20,  [...] agradeceu a Deus, partiu-o e disse: "Este é meu corpo, que é entregue por vocês. Façam isto em memória de mim".25 Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice e disse: "Este cálice é a nova aliança, confirmada com meu sangue. Façam isto em memória de mim, sempre que o beberem" (I Co 11. 24-25 nvt).  Os cristãos participam da comunhão (Koinõnia) em “memória” (gr.anamnêsis) significando “transportar uma ação enterrada no passado, de tal maneira que não se percam a sua potência e a vitalidade originais, mas sejam trazidas para o momento”[1].  Podemos entender então que, quando celebramos a Ceia, colocamo-nos sob o senhorio de Cristo e nos identificamos com o corpo de Cristo local, estamos nos unindo à comunidade de fé. Paulo também vai nos deixar uma dica importante, ele nos adverti que este é um momento propício para um autoexame à luz da palavra de Deus, para confessar nossos pecados e firmar nosso compromisso com o Senhor Jesus

Assim, quem come do pão ou bebe do cálice do Senhor indignamente é culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor.28 Portanto, examinem-se antes de comer do pão e beber do cálice,29 pois, se comem do pão ou bebem do cálice sem honrar o corpo de Cristo, comem e bebem julgamento contra si mesmos.30 Por isso muitos de vocês estão fracos e doentes e alguns até adormeceram. 31 Se examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados dessa maneira.32 Mas, quando somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo (I Co 11. 27-32 nvt).

Veja que “a indignidade em comer do pão e beber do cálice estava associada à atitude e às ações de uns para com os outros”[2]. Paulo está chamando a atenção deles com relação às suas posições sociais e comportamentos como, por exemplo, divisões durante a ceia. A comunhão com Cristo denota comunhão com o seu corpo, a Igreja. O Amor a Deus está vitalmente associado com o amar ao nosso próximo 37 Jesus respondeu: "‘Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de toda a sua mente’.38 Este é o primeiro e o maior mandamento.39 O segundo é igualmente importante: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’.40 Toda a lei e todas as exigências dos profetas se baseiam nesses dois mandamentos" (Mt 22. 37-39 nvt). Se desejamos genuinamente participar (ou ter Koinõnia) do corpo e sangue do Senhor, precisamos romper todas as barreiras (sociais, econômicas, culturais)  “Quando abençoamos o cálice à mesa, não participamos do sangue de Cristo? E, quando partimos o pão, não participamos do corpo de Cristo?  E, embora sejamos muitos, todos comemos do mesmo pão, mostrando que somos um só corpo” (I Co 10.16, 17 nvt).  A falta de NÃO RECONHECER O CORPO DE CRISTO só pode provocar o juízo pessoal (I Co 11. 30,31) e isto acontece devido a importância que Deus atribui à sua igreja, o texto nos permiti perceber que aqueles que ignoram o compromisso com a unidade e as necessidades da comunidade cristã estão sendo julgados e eliminados do corpo. Este juízo já estava acontecendo “Por isso muitos de vocês estão fracos e doentes e alguns até adormeceram” (ICo 11.30 nvt), espiritualmente estavam fracos devidos às suas ações, outros estavam enfermos e outros até mesmo haviam sido levados pela morte. Este parece ser o destino de muitos que optaram por trilhar o caminho de não se importar com aquilo que JESUS SE IMPORTA. O conselho bíblico para mim e para você parece esta no v.33 e 34 deste capítulo 11 de I Coríntios, a expressão “assim, pois” (Almeida RA) ou em outras versões “portanto” (nvi) denota o que os irmãos em Corinto são chamados a fazer. Eles deviam ter as mesmas atitudes e ações para com os outros que sejam coerentes com a atitude e as ações de Jesus, se estiverem fazendo o contrário, não estarão comendo da CEIA DO SENHOR (cf 11.20). É preciso desenvolver atitudes que nos aproximam e deixar aquelas que nos destrói Nas instruções a seguir, porém, não posso elogiá-los, pois, quando vocês se reúnem, fazem mais mal que bem” (I Co 11.17 nvt). Que o Senhor Jesus Cristo nos ajude e que possamos através do Espírito Santo compreender estas verdades necessárias à nossa vida como IGREJA.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A igreja e a celebração do batismo

O batismo, assim como a Ceia do Senhor são ordenanças que todo o seguidor de Cristo deve cumprir. Entendemos como igreja que eles são “atos visíveis de obediência que evidenciam que seguir a Jesus é um assunto público” (Sturz, p. 634), eles servem como “sinal exterior e visível de uma graça interior e espiritual” (Horton, p. 568). A palavra “ordenança” sugere que essas cerimônias sagradas foram instituídas por mandamento, ou “ordem” de Cristo. Elas simbolizam o que já aconteceu na vida de quem aceitou a obra salvífica de Cristo (não há algum poder místico ou graça salvífica).

O nosso referencial será sempre Cristo e ele estabeleceu o padrão /modelo para o batismo cristão quando ele mesmo foi batizado por João, no início de seu ministério público:

 13 Jesus foi da Galileia ao rio Jordão para que João o batizasse.14 João, porém, tentou impedi-lo. "Eu é que preciso ser batizado pelo senhor", disse ele. "Então por que vem a mim?"15 Jesus respondeu: "É necessário que seja assim, pois devemos fazer tudo que Deus requer". E João concordou em batizá-lo.16 Depois do batismo, enquanto Jesus saía da água, o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre ele.17 E uma voz do céu disse: "Este é meu Filho amado, que me dá grande alegria" (Mt 3. 13-17 nvt)

 

Jesus não só foi batizado, mas, ele também ordenou que seus seguidores saíssem pelo mundo fazendo discípulos “batizando-os em [gr. eis – ‘para dentro de’] nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.16 – 20 nvt)

16 Então os onze discípulos partiram para a Galileia e foram ao monte que Jesus havia indicado.17 Quando o viram, o adoraram; alguns deles, porém, duvidaram.18 Jesus se aproximou deles e disse: "Toda a autoridade no céu e na terra me foi dada.19 Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.20 Ensinem esses novos discípulos a obedecerem a todas as ordens que eu lhes dei. E lembrem-se disto: estou sempre com vocês, até o fim dos tempos"

Podemos, então, concluir a partir destes textos que Cristo instituiu a ordenança do batismo, tanto pelo seu exemplo quanto pelo seu mandamento. Podemos perceber a partir do NOVO TESTAMENTO que tanto o batismo quanto a Ceia foram adotados de imediato como os “dois sinais da nova fé” 37 As palavras partiram o coração dos que ouviam, e eles perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Irmãos, o que devemos fazer?”.

38 Pedro respondeu: “Vocês devem se arrepender, para o perdão de seus pecados, e cada um deve ser batizado em nome de Jesus Cristo.[h] Então receberão a dádiva do Espírito Santo. 39 Essa promessa é para vocês, para seus filhos e para os que estão longe,[i] isto é, para todos que forem chamados pelo Senhor, nosso Deus”. 40 Pedro continuou a pregar, advertindo com insistência a seus ouvintes: “Salvem-se desta geração corrompida!”. 41 Os que acreditaram nas palavras de Pedro foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas (At 2. 35-41 nvt).

 

Embora o batismo de João possua semelhança com o batismo cristão, o significado e propósito do batismo cristão vai além, João enfatizava o “batismo para arrependimento” àqueles que desejassem entrar no Reino prometido de Deus

“Esse mensageiro era João Batista. Ele apareceu no deserto, pregando o batismo como sinal de arrependimento para o perdão dos pecados. Gente de toda a Judeia, incluindo os moradores de Jerusalém, saía para ver e ouvir João. Quando confessavam seus pecados, ele os batizava no rio Jordão” (Mc 1. 4-5 nvt).

E para aqueles que creem em Cristo é um sinal de ter narcido pelo Espírito, este batismo Cristão passa a fazer uma ligação com a vinda do Espírito Santo  

Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo viajou pelas regiões do interior até chegar a Éfeso, no litoral, onde encontrou alguns discípulos. 2 Ele lhes perguntou: “Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?”. “Não”, responderam eles. “Nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo.” 3 “Então que batismo vocês receberam?”, perguntou ele. “O batismo de João”, responderam. 4 Paulo disse: “João batizava com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que viria depois, isto é, em Jesus”. 5 Assim que ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus. 6 Paulo lhes impôs as mãos e o Espírito Santo veio sobre eles, e falaram em línguas e profetizaram. 7 Eram ao todo uns doze homens (At 19. 1-7 nvt).

O prática da celebração do batismo cristão é mais que obediência, ela deve ser relacionada com o ato de se tornar discípulo de Jesus. Podemos apresentar pelo menos dois propósitos para esta celebração:

O primeiro é que ele simboliza a identificação do crente com Cristo, quando somos batizados “para dentro” (gr.eis) do nome do Senhor Jesus "pois, apesar de terem sido batizados em nome do Senhor Jesus, o Espírito Santo ainda não havia descido sobre nenhum deles" (At 8.16nvt). Quando fazemos isso, estamos testificando que estávamos em Cristo quando ele foi condenado pelo pecado, que foi sepultado com Ele e que ressuscitou para a nova vida nEle; indica que morremos para o velho modo de viver e entramos em “novidade de vida” mediante a redenção em Cristo.

O segundo significado é que no batismo nas águas, o crente testifica que está identificado com o corpo de Cristo, a Igreja. Somos admitidos na comunidade da fé e testemunhamos nossa lealdade a Cristo juntamente com o povo de Deus. Que o Senhor Jesus nos ajude a alegrarmos com esta celebração e que ela possa se tornar para da vida da igreja. Deus Ti abençoe!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências:

 

BRUCE, F.F Comentário Bíblico Bruce Antigo e Novo Testamento. 2°ed. São Paulo: Editora Vida, 2012.

CARSON, D.A Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009.

HARRISON, E.F Comentário Bíblico Moody. 2°ed – São Paulo: Batista Regular do Brasil, 2017.

WIERSB, VOL 5. Comentário Bíblico

Bíblias ACF,NVI,NVT

HARRISON F. Everett. Comentário Bíblico MOODY:Volume 2 – 2ed – São Paulo: Batista Regular do Brasil, 2017.

STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal.

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[1] Teologia Sistemática. Uma perspectiva Pentecostal, p. 574.

[2] Comentário Bíblico Vida Nova, p. 1773.

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