GRUPOS DE PASTOREIO
Uma visão de cuidado em tempos difíceis
Fábio dos
Santos Barbosa
Introdução
Esse material têm a finalidade de
instruir os futuros líderes de GP durante os momentos de encontro e nas
situações que envolvem a sua liderança. Espero que possamos alcançar juntos um
dos propósitos de Deus para seu povo,
“nos tornarmos maduros em Cristo Jesus”.
A igreja deve ser um lugar onde as pessoas
possam aprender como viver de maneira que glorifiquem a Deus e esse aprendizado
se dá de uns para com os outros, através do encorajamento, comunhão, e
fortalecimento dos relacionamentos [...] não
deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos
encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o
dia” (Hb 10.25), assim sendo, entendemos que há uma necessidade de
estreitarmos os relacionamentos e levarmos as pessoas a níveis maiores no Reino
de Deus, pois os valores do Reino de Deus são baseados em relacionamentos:
Um deles, perito na lei, o pôs à
prova com esta pergunta: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Respondeu
Jesus: “ ‘Ame p Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e
de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo
é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois
mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”(Mt 22.35-39).
Vamos juntos abraçar essa visão de
Deus para a nossa Igreja? Sejam bem-vindo ao treinamento de líderes de GPs.
“As pessoas fazem o que elas valorizam e valorizam o que fazem!”
Pequeno Grupo. O que é?
Em meados da década de 20, alguns estudiosos já afirmavam que a Igreja
iria começar a sentir a necessidade de relacionamentos além das celebrações aos
Domingos e fora do pátio dos templos . Estamos vivenciando isso em nossos dias
(ano 2019), as pessoas estão buscando um aprofundamento maior com Deus em Jesus
Cristo e querem estar envolvidos com uma família e não com uma instituição,
isso porque os encontros aos Domingos não contribuem para o fortalecimento dos
relacionamentos, o sentimento de pertença não é experimentado e o impulso
missionário perdeu o seu ímpeto.
Podemos aqui relembrar dois aspectos que foram
importantes para a igreja primitiva e que também têm si mostrado ser em nossos
dias: A adoração formal e a informal
“O que mais me chama a
atenção na adoração da igreja primitiva é o seu equilíbrio em relação a dois
aspectos: a adoração era tanto formal como informal, pois ocorria no templo e
nas casas [...] Como complemento dos cultos, havia as reuniões mais informais
nas casas, além do culto distintivo dos cristãos, com a celebração da
Eucaristia [...] (Stott, 2007, p.310)
Essa constatação pode ser confirmada em nossa época
devido ao interesse de sociólogos e psicólogos sociais nesse formato de
integração, segundo eles: “o pequeno grupo viabiliza os relacionamentos mais
próximos, são facilitadores de comunhão, interação e comunicação entre os
participantes, permitindo maior funcionalidade e uma dinâmica mais eficaz e
criadora em suas atividades” (CRUZ;RAMOS, 2007, p.18).
Um pequeno grupo então, é “uma modalidade de grupo
que congrega uma pequena quantidade de pessoas, tendo como motivação um
objetivo comum a seus participantes” (CRUZ; RAMOS, 2007, P.18), o que como
igreja não podemos deixar acontecer é perder de vista esses objetivos que são a
busca por construir relacionamentos mais íntimos, profundos e amorosos.
POR QUE SE UTILIZAR DE
UMA ESTRATÉGIA COMO ESTA?
Nossa comunidade de fé
(igreja) precisa de tempos em tempos estar fazendo uma autorreflexão em seu
modo de viver, isso devido ao fato que vamos caindo na rotina e nos acostumamos
a viver à nossa maneira, o problema disso é que na maioria das vezes nos
tornamos uma comunidade isolada e individualista que não permite que outras
pessoas entrem e os que já estão sejam incentivados/motivados nas atividades
desenvolvidas.
A importância dos Grupos
de Pastoreio é que neles todos são envolvidos e podem ser ministrados, às
necessidades são atendidas de modo mais eficaz; imagine que uma pessoa está
enfrentando uma necessidade financeira, ela poderá facilmente ser suprida com a
ajuda do grupo em que está, ou um novo membro que precisa ser melhor
discipulado, no grupo de pastoreio essas situações são resolvidas de modo mais
eficaz. Alvarenga (2018, p.26) disse algo importante: “Não há lugar para
expectadores ou consumidores de religião no PG, pois para construirmos
relacionamentos verdadeiros baseados em cuidado e em amor todos teremos que
sair de toda e qualquer condição de inércia e apatia e nos engajarmos na
construção dessa pequena comunidade”. A constatação de Alvarenga demonstra o
esforço que teremos que fazer para conseguirmos levar adiante uma estratégia
como esta isso porque, teremos que sair de nossa “zona de conforto” se
realmente desejamos ser, dentro do contexto de nossa comunidade um ponto de
auxílio no resgate e na restauração do homem ( Laranjeira, 2011, p.157).
O Grupo de Pastoreio
pode ser também o local onde podemos realizar o processo de Assimilação,
segundo Laranjeira (2011, p.176) isso é - A arte e o processo de ajudar as
pessoas a entrarem na igreja – é um enigma desconcertante, pois cada pessoa vem
com um anseio e uma necessidade diferente. Podemos colocá-las nas células e facilitar
este processo, mas temos que manter vivo o fluxo de assimilação. Três passos
que não podem ser desprezados:
1.
Colher dados vitais – Não basta saber o nome, endereço, etc. É preciso
entrar em contato, demonstrar interesse.
2.
Acompanhar as pessoas no processo de assimilação – Como está aquela
pessoa que foi encaminhada para o grupo tal? Está bem? Já fizeram contato?
3.
Passar o nome das pessoas interessadas para os líderes de ministérios –
Procure descobrir como as pessoas foram parar em sua igreja, isso ajudará a
compreender o que é necessário para a assimilação.
As pessoas que vão à igreja ou ao
encontro do seu grupo estão buscando algo, descubra o que elas buscam e você
saberá quais portas de entrada lhes proporcionar. Às razões para se trabalhar
com pequenos grupos são muitas, no entanto, enfatizamos aqui aquelas que
julgamos importantes para o nosso momento.
OBJETIVOS E VALORES DOS PEQUENOS GRUPOS
É importante estar observando se os
objetivos e valores dos GPs estão sendo levados a sério a fim de que não se
perca a direção para qual eles estão sendo desenvolvidos. Alguns objetivos são
importantes ter em mente:
Objetivos dos GPs:
·
Conectar as pessoas a Deus
·
Conectar-nos uns aos outros
·
Conectar os de fora por meio da pregação do Evangelho
Todos esses objetivos permitem que se abram
possibilidades relacionais mais profundas entre as pessoas, criando um
ecossistema de comunhão e compartilhamento. A célula é para ser família. O alvo
não é fazer um treinamento, mas ministrar vida “É por isso que não haverá lugar
para discussões teológicas ou doutrinárias. A questão não é o que aprendemos,
ou qual a nossa opinião, mas qual é o nosso testemunho: estamos ou não
praticando a Palavra? (Silva, 2008, p.87). O Foco dos GPs é aprofundar
relacionamentos “célula não é para ser ensinada é para ser experimenta” (Twyla
D. Brickman). Segundo uma pesquisa, 70% dos que saíram da igreja, foi porque
sentiam que ninguém se importava com eles. Todo ser-humano têm necessidades que
precisam ser supridas e a igreja deve se preocupar com isso, podemos aqui citar
como necessidades básicas o: reconhecimento, a integração, a compreensão e
amor. Fica impossível cultivar relacionamentos comprometidos e pessoais sem
convivência – o viver em comunidade (Laranjeira, 2011, p.157).
Quatro Direções que os
GPs precisam seguir
·
Para cima – Nosso foco é Cristo e sendo assim crescemos para cima com
Deus. Falar com Deus deve ser uma constante na vida do GP e principalmente na
vida do líder.
·
Para dentro – Devemos olhar para dentro na direção de uns aos outros na
vida do corpo. Quando os membros estão compartilhando suas dificuldades devemos
ouvi-los. Cada membro é um ministro.
·
Para fora – O GP não é um grupo de estudo bíblico é um grupo de
transformação por meio de relacionamentos e evangelismo. Convide as pessoas
para fazer a diferença e não para participar de uma reunião. O que elas estão
procurando é o sentimento de satisfação e propósito que surge quando fazemos
verdadeira diferença no mundo.
·
Para frente – Existe um momento em que esse grupo precisa se
multiplicar. É preciso formar outros grupos a partir desses que já existe. A
multiplicação deve ser um processo natural, mesmo que alguns sofram com a
aparente separação, é de fundamental importância que se caminhe “para frente”.
Se o Grupo não multiplicar ele vai perdendo os valores essenciais e adoece.
Preparar novos líderes facilitará o processo de multiplicação (I Cor 3.6-7).
Os 4 P’s
·
Presença de Cristo - “Onde estiver dois ou três reunidos em meu nome,
ali estarei eu”. Devemos buscar a presença de Cristo, Sua orientação, Sua
sabedoria e os recursos de Deus.
·
Propósito do Encontro – O propósito é desenvolver relacionamentos e
anunciar a salvação àqueles que ainda não conhecem a Jesus.
·
Palavra – Não é um tempo reservado para estudo bíblico, mas é um tempo
para compartilhar e aperfeiçoar a Palavra em nossas vidas.
·
Poder – Momento de orar uns pelos outros.
Quatro Momentos do GP
·
Quebra – Gelo = “Pessoal, como vocês estão? Tudo bem? Como foi a semana,
alguém tem algo a compartilhar da sua vida!
·
Momento do Louvor = Os cânticos abrem as portas para permitir a ação de
Deus.
·
O Compartilhar = Compartilhar a Palavra de Deus traz conforto,
respostas, paz, orientação...
·
Missão – Comunhão = É o momento
que podemos interagir com os novos participantes e compartilhar de um lanche (o
mais simples possível).
DIRETRIZES PARA A
LIDERANÇA DOS GPs
·
Papel do Líder – O líder é o suporte de um grupo.
·
Líderes com boas estratégias – Seja um motivador, diga palavras de
encorajamento.
·
Oração e liderança eficazes – Os líderes que mais multiplicam investiram
tempo em oração pelo encontro, pelos membros do grupo e pelos amigos não
evangélicos. Investiram tempo interagindo com seus liderados, procuram
conhecê-los e se permitiram conhecer. Focalizaram seus olhos no alvo maior:
JESUS.
·
O cuidado com os encontros – Seja sensível ao Espírito Santo. Priorize
os relacionamentos e a direção que sentir de Deus. Deixe Deus ministrar sua
vida, você nunca poderá levar os outros a níveis que você mesmo não atingiu. Embora
você tenha a orientação de uma liderança maior, o papel da oração e do Espírito
Santo são essenciais.
·
Nada de centralização – “Um líder independente está fora da visão”. O
papel do líder é moderar e não monopolizar a palavra durante o período de
compartilhamento.
·
Invista em relacionamentos – Segundo uma pesquisa, 70% dos que saíram da
igreja, foi porque sentiam que ninguém se importava com eles.
·
Pastoreio mútuo – Priorize as ovelhas. Sua função não é dirigir um
encontro, mas motivar pessoas, edificar vidas e aperfeiçoar os santos.
Relacionamento é tudo.
·
Haja com sinceridade e compromisso que as pessoas virão!
A igreja precisa de estrutura, mas as pessoas precisam de família
“Ame-os, depois lidere-os! A estrutura deve servir de apoio às pessoas; as
pessoas não servem de apoio à estrutura.
REFERÊNCIAS
CRUZ,
Valberto da; RAMOS, Fabiana. Pequenos Grupos para a igreja Crescer
integralmente. Viçosa: Ultimato, 2007, p.18.
STOTT,
John. A Bíblia toda o ano todo. Viçosa: Ultimato, 2007)
LARANJEIRA, Priscila. Como Implantar, desenvolver e manter Grupos
Pequenos fortes e saudáveis. Curitiba. ADSantos, 2011.
SILVA, Aluizio A. Manual da Visão de Células. Goiânia: Vinha Editora,
2008.
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